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Johann Gutemberg

As grandes invenções tiveram sua paternidade disputada por vários inventores, muitos deles autênticos. No campo dos engenhos de comunicação essa disputa ocorreu no que diz respeito, por exemplo, às invenções do telégrafo elétrico, do telefone, do telégrafo sem fio, do rádio.... e, antes de todos, da tipografia. Seis inventores estiveram às voltas com experimentações tipográficas, porém, coube ao alemão Johann Gutemberg a paternidade final. Nascido provavelmente na Alemanha, em Mainz, por volta do ano de 1400, teve de se exilar por questões políticas, transferindo-se para Estrasburgo, onde viria a se interessar pela gravação de xilogravuras sacras. Em 1436, ligou-se a João Riffe, formando uma empresa à qual, posteriormente, vieram a associar-se André Dritzsehen e André Heilmann. A sociedade durou pouco, mas pesquisas apontam que todos estiveram envolvidos com a montagem de uma prensa aperfeiçoada, condição necessária para a impressão tipográfica.

Não se sabe ao certo em que ano Gutemberg retornou a Mainz . A última menção à sua presença em Estrasburgo data de 1444. É razoável supor que já se encontrasse de volta à cidade natal quando imprimiu o "Weltgericht" ("Juízo Final"), publicação a ele atribuída e tida como o mais antigo testemunho da tipografia européia. Impresso, segundo se supõe, entre 1444 e 1447, o "Weltgericht" devia compor-se de 74 páginas. Dele, entretanto, somente se salvou um fragmento, equivalente a uma página, encontrado em Mainz, em 1892. Especula-se sobre a hipótese de Gutemberg ter ainda produzido outros trabalhos, antes de lançar-se à impressão da Bíblia.

O "Calendário Astronômico" teria sido impresso, de acordo com cálculos do astrônomo Banschneider, em 1447. No entanto, pesquisas recentes tendem a remetê-lo a período bem posterior, por volta de 1458. Em 1450, já seguro de sua arte, Gutemberg se propõe a imprimir a Bíblia e consegue um empréstimo de 800 florins junto a dois negociantes, João Füst e Pedro Schaeffer. Os custos aumentam e Gutemberg pede mais dinheiro emprestado, oferecendo como garantia a penhora de sua própria oficina. Em 1455, Füst executa o crédito; Gutemberg não tem como saldar a dívida; a Bíblia não estava pronta. A oficina cai mesmo em poder de Füst e Schaeffer que, finalmente, em 1456, imprimem a "Bíblia de 42 linhas", a primeira bíblia impressa e, por suas 642 páginas, o primeiro atestado da eficiência da tipografia. Sua tiragem foi de, aproximadamente, 200 exemplares, dos quais, incluídos os incompletos, cerca de 48 ainda sobrevivem, segundo informa o Museu Gutemberg de Mainz.

Enquanto a casa "Füst & Schaeffer" se expandiu e, por causa dos aprimoramentos que introduziu na arte tipográfica, conquistou notável fama, as atividades de Gutemberg, em seus últimos anos de vida, são quase totalmente desconhecidas. Sabe-se que, provavelmente por causa da cegueira, ficou abandonado completamente depois de 1465, morrendo pobre em fevereiro de 1468. Houve quem lhe atribuísse a impressão da "Bíblia de 36 linhas", a segunda Bíblia tipografada que se conhece, que recebeu esse nome por conter 36 linhas de texto em cada página. Esta Bíblia, hoje muito mais rara do que a primeira, pois dela só restam 8 exemplares quase completos, foi produzida em Mainz, talvez em Bamberg, por volta de 1460.

Entretanto, vale ressaltar que o invento de Gutemberg barateou o livro, tornando a cultura acessível a um maior número de pessoas e ajudando na comunicação. Os livros manuscritos eram caríssimos, principalmente porque exigiam sempre o mesmo trabalho, o mesmo tempo de feitura, a mesma mão-de-obra, enfim, qualquer fosse o número de exemplares produzidos. Com a tipografia, tudo muda. Depois de feita a composição do texto com os tipos de metal, muitas, muitíssimas, infinitas cópias podiam ser tiradas com o aproveitamento da mesma mão-de-obra inicial, cujo custo vai se diluindo nos exemplares sucessivos. Além disso, o aumento do número de exemplares, bem como a multiplicação dos títulos, acelerou a circulação dos conhecimentos, tornando-os mais acessíveis. Durante seus primeiros cento e cinqüenta anos de existência, a tipografia somente imprimiu livros e folhetos, mas não jornais. Os periódicos tipografados, para surgirem, demandariam a formação de uma experiência jornalística, que tem sua raiz na implantação das linhas de correio.

 

 

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